Hora de partir

Hora de partir
E só vamos em frente porque começam a acontecer urgências(...) incluindo os outros, sobretudo os outros – não esperam. Nada espera, ninguém.

quarta-feira, 21 de abril de 2010


Juntei todas as minhas forças, e mais algumas que peguei emprestadas de amigos, e disse adeus à única coisa que realmente me dava alegria nesta vida.
Claro que eu adoro minha casa, meus amigos, meus livros, viagens, músicas. Tenho uma vida ótima. Mas nenhuma dessas coisas se comparava ao prazer que eu tinha ao ouvir o barulhinho de uma mensagem dele chegando. Ou de quando alguém dizia seu nome e o meu coração disparava tanto que eu tinha medo de morrer antes de decer a escada e abrir a porta.
E olhar para ele, com o seu sorriso misturado de pior e melhor pessoa do mundo. E olhar o brilho dos seus olhos sem saber se vinha da alma ou sabe-se lá de onde. Enfim: olhar e me sentir errando tanto e acertando muito. Isso tudo fazia valer os últimos dez, quinze ou quarenta dias sem saber se ele estava ou não vivo. Era um jogo estúpido, mas o brindezinho que eu ganhava no final justificava os dias de luta perdida.
Mas aí o ano tava terminando e resolvi começar o novo ano fora dessa palhaçada. Essa não parece a história de uma mulher esperta ou que merece uma história melhor. Quem pode cobrar da vida uma história de verdade se fica alimentando uma coisa desse tipo? Chega.
Sempre me gabei de nunca ter sido usuária de nenhuma droga e nem ao mesmo ter dado trabalho com bebedeiras. Sempre fui careta além da conta. Até que me caiu a ficha de que ele era pior do que cocaína. Pior porque morenos bonitos e cheirosos são bem mais interessantes do que um pozinho branco que corrói o nariz. E melhor porque no dia seguinte o efeito
“mulher maravilha acha que sabe voar” continuava. Não existia depressão, não existia abstinência. A esperança de que ele ligasse ou aparecesse ou ficasse para sempre fazia a vida ser boa, não importasse a espera.
Mas, mais uma vez eu pergunto: essa parece a história de uma mulher esperta e que merece receber da vida uma companhia bacana, madura, profunda e para a vida? Não. Óbvio que não.
Por isso, com muito custo, chacoalhei minhas mangas. E só eu sei o quanto doeu ver a melhor coisa do mundo indo embora. Doeu um, dois meses. No terceiro, a melhor coisa do mundo virou a melhorzinha. E agora eu to conhecendo outra coisa boa, que pode ser que vire a melhor... Quem sabe?

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